Foto: Vinicius Becker (Diário)
Novas casas do Morro do Cechella, no Bairro Itararé, serão demolidas nesta terça-feira (26). A força-tarefa da prefeitura de Santa Maria prevê a derrubada de mais de 90 imóveis já desocupados. O processo foi iniciado em julho deste ano, quando 37 moradias foram removidas. De acordo com o Executivo, as ações são necessárias para evitar reocupações nos pontos considerados de risco após as fortes chuvas de abril e maio de 2024, quando um deslizamento de terra na Vila Canário vitimou duas pessoas.
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As famílias que antes viviam na região já foram realocadas para o Aluguel Social e Compra Assistida, destaca o secretário de Habitação e Regularização Fundiária, Wagner Bitencourt. Ele explica o processo desta terça:
– A nossa ideia é, hoje, liquidar com essas habitações que estão ainda aqui na Rua Canário. É mais uma etapa do nosso trabalho, trazendo segurança para a comunidade, provendo habitação e devolvendo esse espaço para o morro. Sendo ela uma área de risco identificada pelos estudos geológicos.
O que dizem os moradores que ficaram
Enquanto as máquinas avançam sobre os imóveis vazios, alguns moradores permanecem e relatam um futuro de incertezas. Valdir Fenner, 71 anos, que vive há 34 anos na área, está inscrito no programa de Compra Assistida do governo federal, mas aponta uma grande preocupação.
– Eu tenho 1.200 metros de terreno aqui, legalizado com matrícula no cartório de imóveis. O valor da compra assistida não corresponde, é bem menor – afirma Valdir.
O sentimento de apego ao local e a recusa em aceitar as alternativas propostas é forte. Jorge Ronaldo Campelo Ribeiro, 65 anos, aposentado e morador há 20 anos, é enfático ao rejeitar a ideia de se mudar para um apartamento.
– Eu me criei aqui desde criança, então eu adoro esse lugar. Eu comprei com muito sacrifício, fiz essa casa, nem terminei ainda. Mas eu não gostaria de apartamento de jeito nenhum, não quero – relata Jorge.
Segundo ele, a prefeitura não o procurou individualmente para negociar.
– Veio aí, fez aquelas reuniões, fazendo terrorismo com todo mundo, que ia tirar à força. Mas assim, ó, se eles me procurarem para fazer uma proposta em dinheiro, eu até poderia aceitar, que daí eu mesmo ia procurar um lugar para mim. Mas ir para um apartamentinho pequenininho, eu não gostaria. Eu tenho meus bichos, meus cachorros. Apartamento, jamais – conclui.
Outro ponto do município também passará pelo mesmo processo. Será dado início aos trabalhos na Vila Nossa Senhora Aparecida (também conhecida como Churupa, ao sudeste do Morro do Cechella), onde foram mapeados outros 63 imóveis desocupados para demolição.
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Todas as residências estão em condição de ruínas e pertenciam a antigos moradores já contemplados por políticas habitacionais do município. Na primeira intervenção, em julho, 37 imóveis foram demolidos em três dias. Desde então, seis famílias que não haviam formalizado a saída da Vila Canário atenderam ao chamado, foram cadastradas nos programas habitacionais e encaminhadas para o Minha Casa Minha Vida - Rural. Ao todo, mais de 400 famílias já foram beneficiadas com políticas habitacionais como o Aluguel Social e a Compra Assistida.
A ação integrada mobiliza equipes das secretarias de Habitação e Regularização Fundiária, de Meio Ambiente, de Desenvolvimento Rural e de Infraestrutura e Mobilidade, além da Guarda Municipal, vinculada à Secretaria de Segurança e Ordem Pública, e da Defesa Civil, ligada à Secretaria de Resiliência Climática e Relações Comunitárias.
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